"ETICA, VALORES E RESPONSABILIDADE SOCIAL NO UNIVERSO DAS RELAÇÕES"

     
 

Por Norma Rosane Mangueira Cabral

 
         

 

13/agosto/2018

         

(Extraído em segmentos e adaptado do Livro “Dinâmica Relacional: Etc. e Tal - Breves reflexões pontuais sobre o universo das relações”, páginas 447 a 449, Ed. Triunfo, 2007, de autoria da acima citada Professora com formação em Psicologia Norma Rosane Mangueira Cabral).

 

No mundo hodierno, há uma invocação exagerada a determinadas palavras, que tende a trivializar seu conteúdo, banalizar seu significado e, devido ao uso excessivo, debilitá-las semanticamente, comprometendo seu real e valioso sentido: vocábulos como AMOR, LIBERDADE, JUSTIÇA, SOLIDARIEDADE. Inclui-se nesse contexto a palavra ÉTICA. O núcleo comum é a evidente carga emocional, que encerra a complexidade característica às questões

filosófico-existenciais. No entanto, faz-se mister reabilitar a ÉTICA na atual conjuntura, uma vez que a grande crise da humanidade é MORAL, de conduta, de valores, o que gera compromisso e responsabilidade intra e interpessoal, grupal, societário, global, com ênfase à responsabilidade com a própria espécie humana.

 

Os descaminhos do ser humano, que se refletem na violência crescente, no egoísmo e na indiferença que permeiam as relações interpessoais, assentam-se na perda de valores morais. Há um contrassenso: fala-se em dignidade humana, mas a conduta pessoal não se pauta por ela! A EMPATIA, enquanto capacidade de cada ser humano se comover com o sentimento do outro e exercitar a compassividade, reverenciando a porção de si mesmo que se reflete no outro, respeitando seu ritmo, tempo, espaço, é algo cada vez mais utópico e escasso na vida em sociedade. E isso é lamentável. E perigoso!

 

Etimologicamente, Ética é uma palavra que tem duas origens gregas: 1ª - ETHOS - morada, abrigo, refúgio – espacialidade onde nos sentimos seguros, protegidos; onde nos desarmamos: É A CASA COMUM.

 

2ª - ETHOS - num sentido de espacialidade interna, de caráter e de hábitos, fruto de uma construção incessante e nunca acabada, onde são consolidados hábitos e disposições internas que visem o BEM COMUM.

 

   

Conceitualmente, Ética é a Ciência do comportamento moral dos homens em sociedade. Seu objeto é a moral (e essa expressão deriva da palavra romana MORES, com o sentido de costumes, conjunto de normas adquiridas pelo hábito reiterado de sua prática). Ética é, assim, ciência dos costumes, cujo objeto é a moralidade positiva, construtiva, o conjunto de regras de comportamento e formas de vida através das quais tende o homem a realizar o valor do BEM, do BOM. A Ética é mais teórica que a moral, direciona-se a uma reflexão mais profunda sobre os fundamentos que a moral, daí sua primazia sobre esta última: a ética é desconstrutora e fundadora, enunciadora de princípios, pois mostra às pessoas os valores e PRINCÍPIOS que devem nortear sua existência, aprimorando e desenvolvendo seu sentido moral e influenciando a conduta.

 

 

 

Assim, a Ética é a ciência do que o homem deve ser em função daquilo que ele é. A ética estabelece um compromisso, fundamentado no próprio SER DO HOMEM: é da sua natureza que surge a fonte do seu comportamento. Exige do ser humano a determinação de sua realidade ontológica para, a partir daí, estabelecer seu “MODUS VIVENDI” e “MODUS OPERANDI” e a responsabilidade global que isso implica, pois traz consequências para a sociedade como um todo.

 

É uma questão ética o desenvolvimento das potencialidades humanas. Antes do ser humano se perguntar: “o que devo fazer? Como devo me comportar”, deve se perguntar: “O que sou? Quais são minhas energias humanas que não podem ficar represadas, mas devem ser impulsionadas?”. Para isso, precisa usar sua racionalidade, para descobrir sua essência, seus valores e princípios universais, suas faculdades ou capacidades, determinando também como vivê-las e despertando a consciência acerca da responsabilidade das consequências de suas opções, as repercussões sociais de sua conduta ( ex: introjeção socialmente aceita de antivalores).

 

Numa rápida distinção dessas palavras sinônimas, a MORAL seria o estudo de como os costumes devem ser numa determinada época ou local, referindo-se ao conjunto de valores, normas e prescrições que regulamentam o comportamento dos indivíduos e da sociedade. A ÉTICA seria um julgamento da moral enquanto distingue o BEM do MAL, ou seja, é uma reflexão sistemática sobre o comportamento moral. Não diz o que deve e o que não deve ser feito- isso é da competência moral. Mas a partir dos fatos morais, a ética tira conclusões, elaborando princípios sobre o comportamento moral. A reflexão ética passa pelo estabelecimento de juízos de valor para o que está conforme ou contrário às normas de convivência. A Ética, enquanto estudo dos juízos de apreciação da conduta humana- os juízos de valor- encontra-se frequentemente diante do conflito de ter que decidir entre o que é BEM e o que é MAL. E essa distinção é difícil por ter cunho maniqueísta e requerer critérios ou parâmetros de decisão complexos, que devem ser ancorados na própria natureza humana. Sempre estamos nos “fazendo” em reformas, transformações e descobertas constantes, sempre em interação com nossos semelhantes, nos comunicando, utilizando todos os recursos que a comunicação, a interação, o exercício da LIDERANÇA implicam, num constante VIR A SER, eticamente falando. Priorizemos a base Ética em nossos “que fazeres “cotidianos...e uma nova ordem se estabelecerá. Urge que cada um de nós dê conscientemente sua contribuição para a estruturação de um mundo melhor, mais arejado, limpo, equilibrado, com solidez ética e moral, oxigenando o planeta e injetando novo ânimo nos processos produtivo e relacional...Até lá!

 

Afetuosamente: Professora Rosane Cabral (Norma Rosane Mangueira Cabral).